0 colheradas
O cheiro das flores vem de fora e enche o quarto. Não consigo dormir. Não consegui adormecer desde que saiste ontem, a meio da noite. Viro a cara para baixo e respiro o cheiro da almofada – o teu cheiro. O aroma, intenso e acre, da tua pele quente que segurei com as mãos e o corpo todo. Sem tentar, vejo de novo o contorno do teu corpo, aprendido ontem, em cada pequena ruga, com a minha boca.
E hoje faltas-me.
O sol voltou para dentro do quarto e a cama revela a noite de ontem. Os lençóis ficaram como os deixamos – revoltados e soltos. E eu, meu amor, estou nua como me deixaste – a sentir-te ainda dentro de mim, num eco de nós.
Não consigo mexer-me. Não quero mexer-me. Quero fechar os olhos e voltar a sentir o caminho das tuas mãos através do meu corpo. Ouço ainda o que me disseste sussurrado no ouvido enquanto me fechavas nos teus braços. Fecho os olhos e toco-me. Faço-o de novo e trago-te, de ontem, para os lençóis de hoje.


0 colheradas:

Enviar um comentário

newer post older post

Procurar