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A floresta acordou com o uivo a meio da noite.
Todos - a coruja e o coelho, a gazela e o tigre, a cobra e o rato, o macaco e o crocodilo -, com frio e medo, saíram para dizer: - Que barulho medonho! 
Logo a seguir, ouviram outro uivo, maior, mais alto, mais assustador, que o primeiro.
O elefante, sábio da floresta, veio devagar mas vinha preocupado: é o lobo.
Agarrou-se a coruja ao coelho, a gazela ao tigre, a cobra ao rato e o macaco ao crocodilo: - Que medo! O lobo quer comer-nos durante a noite! 
- Está lá longe, não se preocupem. Vou falar com ele logo de manhã.
-Ufa – suspiraram e voltaram a dormir.
Passaram dias e nuvens no céu lá em cima. Durante a Primavera saltaram e dançaram; nadaram e correram o Verão e na floresta, grande como do chão ao céu, nunca mais ouviu o uivo.
- Foi-se embora o lobo Elefante? - a mãe coelho queria saber.
- Está lá longe, não te preocupes.
O Verão parecia que ia ser para sempre até que, a meio da noite, ouviram o uivo de novo.
- Que medo...! - e, de novo, iam a sair para perguntar quando viram, no meio da floresta, o lobo.
Que fazes aqui? - perguntou o elefante
Venho fazer um aviso. - disse o lobo – Estão a começar a cair as folhas das árvores, perto do rio, do outro lado da floresta. Vai começar o Outono.
Mas ainda está tanto calor e as folhas estão verdes, temos o que comer por todo o lado. - o elefante não queria acreditar.
Mas é verdade o que te digo e devem começar a guardar para o Inverno. - e foi-se embora o lobo.
Os dias passaram depressa e o Outono apareceu mais depressa ainda. Na floresta as árvores já eram amarelas, castanhas e vermelhas. No Inverno ficou toda coberta de neve e ao rato e ao macaco faltava o jantar.
- Elefante! Precisamos de comer mas morremos se formos por aí, no meio da neve!
- Porque não pensaram nisso antes, enquanto era Verão?
- Não sabíamos que ia ser Inverno tão depressa! - chorava devagarinho o rato.
E o elefante lembrou-se: - O lobo avisou...
De todos, só o lobo conseguia andar depressa e sem se cansar, pela neve fria do Inverno. De todos, era o único que sabia andar de dia e de noite sem se perder. E foi por isso que o elefante lhe foi falar.
Dois dias depois, acordaram com um banquete no meio da floresta branca e fria. O lobo, parado e sem uivar, trouxera provisões para o resto do Inverno.
Primeiro parados e depois devagar, a coruja e o coelho, a gazela e o tigre, a cobra e o rato, o macaco e o crocodilo, saudaram o lobo pelo nome, agradecendo-lhe.
Desde esse Inverno que cada uivo que ouvem é um alivio e sorriem enquanto dormem, na floresta grande como do chão ao céu.





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