uma mulher na orelha



0 colheradas
As linhas retas não encontravam espaço nela. As curvas entonteciam pelos tornozelos, pernas e coxas. Gritavam nas ancas e continuavam pelo peito até ensurdecerem a orelha, em voltas perfeitas. Na mão segurava um búzio que se distinguia com dificuldade nas curvas e contra curvas que se misturavam entre o preto da concha e o branco da orelha. Talvez uma volta a menos e fosse ao contrário: a orelha preta e a concha branca. O importante era ouvir o mar e tapar os ouvidos aos assobios dos homens, que avançavam tirando um pé do chão de cada vez sem nunca tirarem os olhos dela, e a quem, só por respeito a si própria, não mandava dar uma curva.

0 colheradas:

Enviar um comentário

newer post older post

Procurar