Não é que eu já tenha vivido
imensos anos e presenciado imensas situações que me façam chegar a este tema,
no entanto sinto, não como uma cidadã deste mundo, mas como uma pessoa que
amanhã poderá ser alguém, que devo avisá-lo a si, caro leitor, e a outros
interessados que o mundo dá voltas.
Ah, pois, mas isso já eu sabia, é
o que provavelmente está a pensar.
Sim, meu estimado, sabia, mas
muitas vezes (e não estou a dizer que você o faça) há quem se esqueça que essas
voltas não são apenas literais, mas também figurativas. É que o jovem ignorante
que limpa as escadas do seu prédio todas as tardes amanhã poderá ser o filho da
mãe que ainda não lhe pagou o salário!
Ainda não chegou lá? Deixe estar
que eu ajudo-o.
Com a crise que vai por aí,
muitos são os jovens que se vêm forçados a trabalhar para conseguir pagar os
estudos. Empregos como limpar escadas, limpar corredores de condomínios, fazer
limpezas, trabalhar em restaurantes, enfim em todo o tipo de serviços que você
não se imaginaria a realizar, são muitas vezes as melhores opções, quando em
part-time, por se encaixarem muito bem na vida de um estudante.
A questão aqui é que as pessoas
gostam de acreditar que quem tem estes empregos não tem objectivos, não pensa
em estudos, não pensa em ser alguém nesta vida, mesmo que nunca tenham falado
com os julgados. E por algum motivo (que tenho a certeza que me consegue
explicar muito bem) acreditam-se superiores a estes gaiatos e tratam-nos abaixo
de cão, reclamando de tudo o que fazem, gozando com eles, desconsiderando-os.
Agora provavelmente está a pensar
que a prova de que estes jovens são ignorantes é que não respondem quando os
ofende com palavras mais caras ou frases mais indirectas, não é? Eu cá acho que
eles não respondem porque não querem perder os empregos, pois precisam deles para
pagar os cursos… para amanhã serem alguém… porque o mundo dá voltas… e quem
sabe amanhã, meu amigo, você seja ninguém… Não? Olhe que o mundo dá mesmo
voltas…
Só lhe digo uma coisa, do jeito
que o mundo roda, é bom que seja vidente antes de dar uma de superior para cima
dos pobres coitados que se limitam a fazer pela vida. Já agora se o ofendi peço
perdão pela forma rude como me dirigi a si, só estava a tentar fazê-lo perceber
bem o meu ponto de vista. Isto é, peço desculpas, se o leitor não mora em
Cascais, claro.
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